LENDAS DO DOURO – A PASTORINHA JOANA

LENDAS DO DOURO – A PASTORINHA JOANA

Chamava-se Joana a pastorinha muda, de doze anos, que, enquanto guardava um pequeno rebanho de ovelhas, avistou, por entre as fendas de um penedo ou lapa, uma imagem de Nossa Senhora. Diz a história que Joana aproximou-se da imagem e, extasiada, permaneceu em oração por largo período de tempo. A pastorinha reparou, então, que as vestes da imagem se encontravam destruídas pela ação do tempo e pela humidade e decidiu erguer, naquele local, um altarzinho. Limpou a imagem, colocou flores em seu redor e não mais deixou de pensar no seu “tesouro”. No dia seguinte, Joana levou a imagem para casa na cestinha onde a mãe lhe enviava o farnel. A mãe, que não apreciava o facto de Joana perder tempo a fazer vestidinhos para a “boneca”, atirou-a ao lume. Desesperada, Joana, muda de nascença, gritou para a mãe: “Tá! Minha mãe! É Nossa Senhora da Lapa! Ai! Que fez?”. Diz a lenda que a imagem não se queimou, mas nesse preciso momento a mãe ficou com o braço paralisado. Arrependida do ato que acabara de cometer rezou com Joana e tudo voltou à normalidade. O pároco, conhecedor da história, pediu que a imagem fosse colocada na Igreja Matriz, para não ficar naquele ermo, só que a imagem desaparecia de lá e aparecia na gruta onde Joana a havia descoberto. Era lá que ela queria ser venerada, dizem.