LENDAS DO DOURO – O SINO, O POTE E O LOBISOMEM
Na torre da igreja de Armamar há um sino que tem gravada a inscrição «Sino de S. Miguel».
Ora esse sino tem uma lenda sobre o seu achamento.
A lenda fala de uma velha pastora que, guardando as suas cabeças de gado perto do chamado Poço da Dorna, na Misarela, passava os dias a fiar.
Um dia largou o fuso das mãos e não pôde evitar que ele caísse por um buraco entre as fragas. Mas ouviu como ele batia em qualquer coisa que produziu um lindo ruído metálico. Pois a velha voltou á Povoação e contou o sucedido.
Voltou ao Poço da Dorna a pastora, acompanhada agora de uma data de gente. Amostrou o sítio e logo um homem, amarrado a uma corda, se atreveu a descer pelo buraco.
E não é que foi dar com o tal sino entre as silvas? Vai daí, arranjaram meio de o içar e levaram-no para a igreja….
Agora, menos paz tem a lenda dos leões da necrópole de Gojim.
Pois esta diz que se uma pessoa for sozinha até ao pé desses túmulos, á meia-noite aparecem-lhe logo dois leões. E os leões têm uma panela cheia de ouro que oferecem a essa pessoa sem lhe fazerem mal nenhum. Porém há uma condição que deverá ser cumprida caso contrário o atrevido morrerá logo ali.
A condição?
Querem experimentar? Pois quem for terá que agarrar no pote e pôr-se a andar para sua casa sem olhar para trás….
Mas quem gostar de seres sobrenaturais, pode dar um passeio a Serra da Piedade, onde decerto haverá quem guie até á cova do Lobisomem, que fica no Talefe. Havendo coragem, lá dentro encontra objectos que pertenceram a um Lobisomem.
Conta quem sabe que á meia-noite dos tais dias, ele descia a serra num tropel de cavalo, ia a Gojim e regressava a serra.
Corria o seu fado, á espera que alguém o desencantasse
fazendo-lhe sangue. Um dia, um homem que estava a regar perto do Talefe, observou-o e picou-o com a aguilhada dos bois.
Sangrando abundantemente, o Lobisomem desapareceu!
Já agora, ficam a saber que Armamar não foi, nos seus princípios, onde hoje se encontra. Era mais para os lados da Almoinha, Penajóia e Reguengo. Por aí haverá sinais de antigas construções e apareceram objectos em ouro e louça de barro.
Pois outra lenda nos conta que, em seu palácio, viviam aí um rei e uma rainha. Ora dado dia, estando boa parte da população a trabalhar nos campos, ouviram uma barulheira muito grande.
E logo viram o que se passava.
Nada mais nada menos que um cordão de formigas gigantes que destruíam tudo e todos por onde passavam.
Foi uma coisa horrível.
Porém, os sobreviventes notaram que estavam mortos os seus reis. Meteram cada qual em sua urna e meteram estas num túnel.
Pois diz-se em Armamar, que quem abrir a urna do rei, morrerá logo, mas se for a da rainha, ela ressuscitará e o túnel ficará todo em ouro.
Mas sabe-se lá…qual é um ou outro!