LENDAS DO DOURO – TORRE DE MONCORVO
Assim, à torre maior da Vilariça chegou, afogueada, uma jovem moura pedindo proteção a Mem Corvo. Este recebeu-a e ficou a saber que Pêro Antunes, um castelão das vizinhanças, a perseguia tenazmente. Acabou por dar proteção à bela Zaida, porém com a condição de ela se cristianizar e baptizar-se Joana. Comprometia-se o fidalgo a catequizá-la. Obviamente que tamanha aproximação entre os jovens suscitou uma paixão mútua e, baptizando-se Zaida em Joana, eles combinaram o casamento. Porém, nas vésperas da boda, uma doença grave atacou a noiva, aliás a doença dos linhos, que grassava em parte da população. O médico alvitrou que Joana se salvaria, no entanto, uma conversa entre os noivos abalou as convicções de Joana. Quis ela saber porque Mem insistia no nome que lhe pusera, tendo ele confessado que amara uma sua prima assim chamada, só que a morte a levara ainda com 13 anos de idade. Tentou ele ainda afastar este temor da cabeça da noiva, mas ela deu em cismar que não passava da memória de um antigo amor de Mem Corvo. Este disse-lhe que, para lhe melhorar os ares, mandara erguer uma torre para moradia de ambos nuns terrenos não habitados retirados dali e que com eles iriam várias famílias. Chamaria a esse sítio Terra de Joana. Porém, Joana estava demasiado cismática, pelo que, agravando-se o seu estado de saúde, morreu. É assim que nasce Torre de Moncorvo, esta vila trasmontana, tal como hoje a temos. E pensar que esteve a ponto de se chamar Terra de Joana…”